No texto abaixo , o colunista da Veja, Reinaldo
Azevedo critica cartaz exposto no Colégio D. Pedro II ( Rio de Janeiro)
no qual o plural de alunos e alunas foi redigido "alunxs".
Trata-se de um modismo, que pretende corrigir uma regra morfológica da
língua portuguesa que leva para o masculino plural palavras que representem
referentes dos dois gêneros, masculino e feminino. Por essa nova
tendência, muito presente na web, deveríamos escrever "Homens e mulheres
suspeitxs de corrupção deverão ser julgadxs e, se comprovada a sua culpa
, deverão ser condenadxs".
E por que não escrever assim, podem
argumentar os leitores, afinal, a língua não muda ?
De fato, toda língua natural está em constante
mudança, o léxico, por exemplo, que é o conjunto de palavras da língua,
está sempre perdendo algumas palavras que saem de moda e ganhando outras
novas. Quando a língua tem tradição escrita, essas mudanças vão sendo
incorporadas aos dicionários. Mas um componente da língua bastante estável é a
morfologia. Nos nomes ( substantivos e adjetivos) a morfologia cuida das
flexões de número ( singular/plural), de gênero ( feminino e masculino) e
grau (aumentativo/diminutivo). Cuida também da derivação de palavras,
como em trabalho e trabalhador. As regras básicas da morfologia do
Português estão bem consolidadas desde as suas origens , que os
estudiosos estimam em cerca do ano mil d.C. Por essa época, o Português já se
distinguia das demais línguas latinas vizinhas. A regra de levar para o
masculino plural palavras cujos referentes sejam homens e mulheres é uma dessas
regras básicas. Certamente não combina com o politicamente correto dos
dias atuais, mas não se mudam regras linguísticas milenares como essa, nem por
decreto.
O Colégio Pedro II, nossa mais antiga e principal
instituição de ensino que oferece o que chamamos hoje de Ensino
Básico, certamente quer aproximar-se dos modismos presentes na linguagem
dos alunos. Mas a iniciativa chega a ser ridícula. A inovação fica bem em um
email, ou em redes sociais, mas não é adequada para avisos oficiais de um
colégio. O "certo" hoje em dia, na linguagem e nos demais
comportamentos sociais, é o que é adequado, de acordo com as expectativas que a
sociedade cria e que podemos chamar de aceitabilidade.
Ah, Colégio Pedro II, de tão gloriosas tradições!!!
Que mal o acometeu?
A escola federal, informa o jornal O Globo,
já está submetida à ditadura das patrulhas dos grupos gays e feminazis, que
pretendem, atenção!, “suprimir o gênero” das palavras no singular ou no plural
quando elas designarem tanto homens como mulheres. Assim, no lugar do “o” e do
“a”, entra uma letra “x”.
Você vai falar com médicos e médicas? Então, meu
amigo, você está se dirigindo a “médicxs”. O grupo consonantal nem tem
expressão sonora possível em português. Mas e daí? Os militantes, como sabemos,
podem mudar até a gramática. A matemática…, bem, essa eles já mataram faz
tempo.
Num comunicado do colégio, os “alunxs” recebem
instruções especiais em razão de uma reforma no prédio. As provas também trazem
o espaço para que o “alunx” coloque o seu nome.
A boçalidade é de tal ordem que, no tal
comunicado, lê-se o seguinte:
“A entrada dos alunxs do turno da tarde”… Ora, “dos” é a contração da preposição “de” com o artigo definido, masculino e plural “os”. Logo, a se levar a cabo a estupidez, dever-se-ia escrever “a entrada dxs alunxs”.
“A entrada dos alunxs do turno da tarde”… Ora, “dos” é a contração da preposição “de” com o artigo definido, masculino e plural “os”. Logo, a se levar a cabo a estupidez, dever-se-ia escrever “a entrada dxs alunxs”.
Ora vejam! Os nossos gayzistas e as nossas
feminazis se preocuparam com o “a” e com “o” dos substantivos e adjetivos, mas
se esqueceram dos artigos. Como se fará no caso dos substantivos comuns de dois
gêneros? Quando nos referirmos a estudantes homens e mulheres, escreveremos
“dxs estudantes”?
Infelizmente para o gayzismo e para o
feminazismo, não temos o “the”, do inglês, como artigo…
Isso é de uma estupidez sem limite. De resto, se
formos proceder a um estudo das origens latinas do gênero em português, muita
coisa se explicará pela evolução da língua e nada têm de discriminação de
gênero.
A ideologia de gênero, que tenta se impor na
porrada nas escolas, sob o patrocínio do petismo e de esquerdismos ainda mais
mixurucas, é que tem de ser combatida. Até porque o gayzismos e o feminizanismo
representam apenas a si mesmos. Não são expressões da vontade nem dos gays nem
das mulheres.
A propósito, a gente diz “os gays” ou “xs gays”?
Retirada de: Revista
Veja/Abril
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